segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Carta a Rui Patrício

Olá Rui. Apesar de já nos termos visto muitas vezes, estou certo que nunca ouviste falar de mim. Sou um daqueles que fica 90 atrás de 90 minutos, de pé, atrás daquela baliza, que tão bem guardas, lá no topo sul. Face à minha “tenra” idade - digo “tenra” porque somos quase da mesma idade - és o melhor guarda-redes que me lembro de ver jogar de Leão ao peito. Obviamente que o Peter marcou-me muito e sem dúvida que foi um gigante na nossa baliza mas tu, para além da grande qualidade que te reconheço, és da casa.

Lembro-me do teu primeiro jogo, nos Barreiros. Defendeste um penalti e asseguraste a vitória para o nosso Sporting. O futuro parecia brilhante e temos o presente a confirmar aquilo que todos os Sportinguistas esperavam de ti. Depois sentaste aquele que se auto intitulava o “melhor guarda-redes da Europa” e nunca mais largaste o lugar. Mas nem tudo foram rosas. Tiveste momentos difíceis e felizmente o “mister Bento” confiava em ti. A pressão foi muita, como certamente te recordarás, mas, para um garoto de 19 anos, aguentaste-te bem. Cresceste a passos largos e tornaste-te indispensável ao clube e a todos os treinadores que tiveram o privilégio de trabalhar contigo. Hoje és o melhor guarda-redes Português, um dos melhores de Europa, quiçá do Mundo, e isso deixa-me muito feliz.

Ontem, durante o jogo lá na terra dos tripeiros, vi inúmeros cartazes com provocações, relativamente ao erro que cometeste pela selecção, no jogo contra Israel. Vindo de quem vem, e face ao seu grande nível de integridade, respeito e justiça, sou forçado a concluir que se tratou de um acontecimento infeliz. É verdade que a coisa se podia ter resolvido de outra forma. Se eventualmente o presidente do clube da fruta tivesse mandado uns ananases ou umas uvas ao senhor Tom Hagen, o teu erro não teria tanta repercussão mediática, mas enfim, eles que fiquem lá com o brasileiro que toca cavaquinho, nós temos O melhor. Sei que nada disto te afecta e no fim de semana tenho a certeza que nos brindarão com uma exibição empenhada. Lá estarei.

Continuem o bom trabalho e continua connosco, nós nunca te deixaremos.

Um abraço,

Pedro Marques, sócio do Sporting.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

10 Anos de Linda Martini

Não foi há 10 anos que os ouvi pela primeira vez. Talvez há 7 ou 8. Estranhamente, a primeira música que ouvi chama-se “Dá-me a tua melhor faca”, e obtive-a, ilegalmente, através do extinto “emule”. Torci o nariz e perguntei-me o que seria aquilo. “Linda Martini? Que raio de nome para uma banda”, pensei eu. Não a apaguei, apesar do espaço no disco do meu velhinho Pentium II me incentivar a tal. Voltei a tropeçar na canção que então tinha “sacado” há uns meses e soou-me a uma coisa totalmente diferente. Decidi impedir o telefone lá de casa mais umas horas (que saudades do som do modem de 56Kbps!) para sacar o “Amor Combate”. Compulsivamente, comecei a ouvir as cantigas daquela banda de nome estranho, que até era meio parecido com God is an Astronaut, e tudo fazia sentido na música que eles faziam (e fazem). Parafraseando o amigo Pessoa, aquela música que até então estranhava, foi-se entranhando e hoje está enraizada na minha cultura musical.

Vi-os pela primeira vez ao vivo em 2008, em Valhelhas, no Festival Serra da Estrela, já como quarteto. Para mim foi um concerto memorável. Para eles, confessou-me ainda há bem pouco tempo o Hélio, foi “um bocado mau”. Seguiu-se mais uma mão cheia de concertos .Hoje já não os consigo contar devidamente. Para além do primeiro, guardo com especial carinho mais dois, por diferentes motivos. Paredes de Coura 2011, onde os ouvi tocar no seu habitat natural, e o concerto “secreto”, promovido pela Antena 3, de apresentação do novo álbum, Turbo Lento, onde pude falar um pouco com toda a banda, bem como receber os seus autógrafos na minha discografia.


Foram 10 anos de boa música, excelentes concertos e a mesma humildade que lhes vi em Valhelhas, há muito tempo atrás. Espero que daqui a 10 anos possa escrever sobre os 20 de Linda Martini, porque ainda têm tempo para ser mais.